NA LUPA: Na Rússia, Bolsonaro vende um país que come ‘roscovo’, mas no cardápio só tem ossos
Por Fred Lima
Indo na contramão da diplomacia ocidental, o presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou à Rússia para estreitar laços comerciais com o país que pode ser banido pelos Estados Unidos, caso invada a Ucrânia. O presidente russo Vladimir Putin e o mandatário brasileiro se reuniram nesta quarta-feira (16) para tratar sobre as relações bilaterais entre as duas nações, o que inclui o agronegócio.
Durante o encontro, Bolsonaro quis passar a impressão de que tudo vai bem no Brasil, quando na verdade a recessão econômica tem levado muitos brasileiros a passarem fome. É bem verdade que o impacto negativo da pandemia deve ser levado em consideração, mas a inércia do governo, fora a política negacionista que afugenta investidores, tem feito estragos na economia.
Ninguém quer investir em um país cujo presidente adota uma política intervencionista em estatais, como na Petrobrás, além de incentivar métodos curandeiros em detrimento da vacina contra a Covid-19. A fama de negacionista anda tão grande que Putin exigiu que ele fizesse cinco testes de coronavírus antes de encontrá-lo. A pecha de negar a ciência colou em Bolsonaro no mundo inteiro.
Falta visão social no Planalto. Talvez por ser a principal bandeira da esquerda, a política social acabou sendo demonizada pela direita governista. Com isso, a retomada da distribuição de renda vem acontecendo a passos de jabuti.
No auge da crise, Bolsonaro e amigos comiam picanha a R$ 1.799 o quilo, enquanto o povo fazia fila para receber doação de ossos de carne nos açougues. É o retrato do Brasil paralelo da cabeça dos bolsonaristas de classe média alta, onde toda a culpa é exclusivamente do “fique em casa”, não do atraso da compra de vacinas que poderia ter evitado lockdowns mais severos.
Antigamente, o arroz com ovo, apelidado de “roscovo”, era um dos pratos mais simples degustado pelas classes baixas. Hoje, infelizmente, a sopa de ossos deu lugar à iguaria “russa”, culpa da pandemia, porém também do governo que trata política social como coisa de comunista.
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