Reprodução/Twitter
Ex-governador de Goiás, Perillo está no centro do escândalo de R$ 83,6 mi na crise do Jockey Club de SP
O Jockey Club de São Paulo, símbolo de glamour há 150 anos, está no centro de suspeita de desvio de recursos públicos usados no restauro de sua sede tombada às margens do rio Pinheiros. Estão sob análise R$ 83,6 milhões obtidos entre 2018 e 2025 por incentivos fiscais municipais e federais. O clube acumula dívidas de cerca de R$ 800 milhões e vive crise profunda. A prefeitura rejeitou prestações do TDC (termo de doação de contrapartida) e abriu auditoria para apurar o destino do dinheiro.
As apurações indicam duplicidade de comprovantes, gastos alheios à obra e contratações sem lastro. Entre os pontos citados, há a destinação de R$ 11,2 milhões a uma construtora de Goiânia descrita como “fantasma”, sem sede física conhecida e presença apenas em redes sociais. Também aparecem lançamentos de jantares com vinhos importados, diárias de hotel no Rio, compras em farmácias e pagamento de condomínio com verba pública. Consta ainda o aluguel de gerador enviado para cidade fora de São Paulo.
No epicentro da controvérsia surge o presidente do PSDB, Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e pré-candidato ao governo estadual em 2026. Sócio do Jockey desde 2019 e conselheiro desde 2022, ele articula nos bastidores a redução de débitos fiscais do clube. Parte dos recursos dos incentivos teria sido destinada a empresas goianas ligadas a parentes e ex-assessores. Entre elas está a Elysium Sociedade Cultural, qualificada como organização social em Goiás em 2014. A Elysium afirma seguir as regras.
Perillo nega envolvimento e chama as acusações de “leviandade”. O Jockey diz ser alvo de perseguição do município e sustenta que os gastos estão documentados. A auditoria da prefeitura mira a execução dos projetos e pode exigir a devolução dos valores. Caso se confirmem irregularidades, o procedimento abre caminho para ações de responsabilização nas esferas cível e penal, além de novas apurações federais.
O caso testa a credibilidade de mecanismos de incentivo à cultura e ao patrimônio histórico. A Lei Rouanet (federal) e o TDC (municipal) somaram R$ 83,6 milhões para o restauro, com R$ 22,4 milhões captados pela Rouanet e R$ 61,2 milhões pelo TDC. Notas fiscais e relatórios listam despesas sem relação direta com a obra e pagamentos a empresas sem comprovação robusta. A gestão do clube afirma que a intervenção preserva um bem tombado da cidade e que cumpre contrapartidas previstas em lei.
O impacto é político. Perillo, que aparece nas sondagens para 2026, vê a pré-campanha sob desgaste. Adversários ligam o caso ao uso de dinheiro público em favor de terceiros. O resultado da auditoria e possíveis devoluções vão orientar o debate sobre a governança do Jockey. Também servirão de teste para a correção dos incentivos fiscais.
Da Redação
- Eleição 2026: Lula recua e vê adversários avançarem, diz pesquisa - 23 de outubro de 2025
- ‘Quero pacificar o Brasil’, diz Caiado em fala direta a empresários - 23 de outubro de 2025
- Soulivier leva moda e futuro a estudantes do CEMAB em Taguatinga - 22 de outubro de 2025

