Suspeitos de matar padre Casemiro tinham fuga planejada
Dois dos três presos haviam comprado passagens para o interior de Minas e Bahia. Após latrocínio, eles comemoraram nas redes sociais
Dois suspeitos de matar Kazimerz Wojno, o padre Casemiro, 71 anos, estavam preparados para fugir. Já tinham até mesmo comprado passagens de ônibus. Antônio Willian Almeida Santos, 32, iria para Januária, em Minas, sua cidade natal. Alessandro de Anchieta Silva, 19, planejava ir para a Bahia. Ambos foram presos.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) divulgou, na noite desta quarta-feira (25/09/2019), novos detalhes do roubo que acabou de forma trágica no último sábado (21/09/2019), na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na 702 Norte. Segundo o delegado-chefe da 2ª DP (Asa Norte), Laércio Rossetto, durante a ação, o religioso tentou convencer os bandidos a desistirem. Isso teria irritado Alessandro, que estrangulou a vítima.
“Em determinado momento, o padre começou a tentar dissuadir os criminosos, falando a todo instante que eles não precisavam fazer aquilo. Isso irritou Alessandro, que apertava o arame cada vez mais em volta do pescoço do padre. Ele acabou caindo no chão, perdeu os sentidos e morreu estrangulado”, contou Laércio Rosseto, acrescentando que, após o crime, os marginais comemoraram o roubo com “bebida e ostentação”.
Ainda de acordo com o investigador, esses detalhes foram narrados no depoimento de Daniel Souza da Cruz, 29, o terceiro acusado preso na tarde de quarta-feira, no Novo Gama (GO), Entorno do DF. A suspeita inicial era de que ele teria sido o mentor do crime bárbaro. No entanto, após a prisão, Antônio passou a ser identificado como o cabeça do grupo.
Ele escolheu um sábado para cometer o roubo porque a região tem menos movimento de pessoas. Inclusive fez a divisão de tarefas com os comparsas. A ideia do bando era praticar o crime por volta das 17h, durante a missa, mas o plano deu errado porque eles não conseguiram arrombar a porta da residência. Então, esperaram que alguém se aproximasse. Foi quando o caseiro chegou e foi rendido. Logo em seguida, o padre foi dominado quando entrava em casa. Ele havia acabado de celebrar a missa e ainda estava de batina.
Os criminosos amarraram ambos com arames lisos. As vítimas foram mantidas em pé. Enquanto Alessandro, Antônio e supostamente um adolescente rendiam a padre e o caseiro, Daniel foi o encarregado de ir até o segundo pavimento da casa procurar objetos menores, mas de valor, que poderiam ser roubados.
Antônio tem passagens por homicídio e tráfico de drogas. Alessandro não tinha histórico criminal. O quarto envolvido – que pode ser um adolescente – ainda não havia sido capturado até a última atualização deste texto. Nesta quinta (26/09/2019), Rosseto se reúne com o diretor do Instituto de Criminalística da PCDF para decidirem se será necessária uma reprodução simulada, espécie de reconstituição do crime.
Comemoração nas redes sociais
Os criminosos levaram pelo menos R$ 1,5 mil em dinheiro, cheques e moedas de ouro. De acordo com as investigações, os bandidos chegaram a comemorar o latrocínio, publicando fotos e vídeos em redes sociais. As postagens mostrariam os marginais festejando com bebidas e ostentando os objetos roubados na casa do padre.
A polícia conseguiu recuperar um HD roubado de dentro da casa do religioso com imagens que podem ter sido gravadas flagrando a ação criminosa. Esse disco foi encaminhado à perícia. As imagens, caso existam, podem ajudar nas apurações do latrocínio.
Confissão
Segundo o delegado Laércio Rosseto, Alessandro admitiu, após ser preso na tarde de terça-feira (24/09/2019), a participação no crime, porém alegou que não queria a morte do padre. “Contudo, ele estava na cena do crime, com uma arma de fogo. Estava disposto [a matar]”, pontuou o policial, acrescentando que o artefato ainda não foi apreendido.
De acordo com Rosseto, os investigadores chegaram até os suspeitos após analisarem imagens de câmeras da paróquia. “Mas o fundamental mesmo foi o trabalho de campo realizado pela nossa equipe. Foram várias e várias horas de percursos, diligências e trabalho do Instituto de Identificação. Assim, conseguimos obter provas científicas incontestáveis que levaram à prisão temporária deles.”
Para Rosseto, o crime foi premeditado. “O que entendemos é que eles estavam indo especialmente atrás desse cofre. Eles sabiam que havia o cofre lá, usaram equipamentos que existem na própria residência, de maneira que não precisaram levar nada. É um cofre de um metro e meio, de concreto e aço, com duas portas, isso indica que foi estudado. Eles sabiam o que iriam encontrar lá”, enfatizou. As informações são do portal Metrópoles.
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