NA LUPA: Ao dar palanque para Aécio Neves, PSDB pode se tornar puxadinho do PL
Por Fred Lima
Absolvido, mas manchado. Esta frase define o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) após decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) em julho, que o absolveu no caso das gravações realizadas pelo empresário Joesley Batista, acionista da J&F, que afirmou ter feito o pagamento de R$ 2 milhões ao tucano.
Embora absolvido, os áudios macularam para sempre a reputação de Aécio perante a população: “A gente manda matar antes de fazer a delação”. Já imaginou se tal frase tivesse sido dita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre determinado personagem do meio político? Toda oposição ia jogar na conta do mandatário até o assassinato de Celso Daniel, como alguns já fazem.
Ignorando a frase criminosa de Aécio, o PSDB passou a dar palanque para o deputado desde então, que prega oposição radical ao governo petista. É aí que mora o perigo. Se o aecismo colar no tucanato, como vem acontecendo, a legenda poderá se tornar coadjuvante da oposição em comparação com o protagonista Partido Liberal do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O PSDB cometeu muitos erros desde que deixou o Planalto, no longínquo 2003, o que custou o seu encolhimento com o passar dos anos. Nas eras Lula e Dilma, a sigla fez oposição branda por diversos momentos. Agora, no ímpeto de recuperar o espaço perdido pelo PL, quer adotar uma postura mais extremista, quase se igualando com os liberais.
Uma oposição não afável nem radical, mas sóbria, seria o ponto de equilíbrio que falta aos tucanos, onde uns estão embarcando até na risória teoria da conspiração que diz que o governo planejou um golpe de estado contra o… governo.
A seriedade e maturidade de Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas fazem bastante falta aos tucanos modernos liderados por Aécio, que acabaram flertando com o bolsonarismo nas eleições de 2018 e 2022, gerando ônus à sigla, quase reduzindo-a a pó.
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