NA LUPA: Izalci demonstra coerência política ao trocar o PSDB pelo PL, mas obsessão em ser governador pode dividir a direita brasiliense
Por Fred Lima
O senador Izalci Lucas optou pela lógica e deixará o PSDB para se filiar ao PL na próxima quarta-feira (27), enfrentando desconfiança dos bolsonaristas de carteirinha, como da presidente do partido no DF, deputada federal Bia Kicis. Algumas pautas defendidas pelo parlamentar não se encaixam na social-democracia do tucanato. A entrada de Izalci na extrema direita faz parte de um velho sonho de ser governador.
Na atual conjuntura, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) podendo participar de atos visando fortalecer candidaturas e filiações, ingressar na legenda do capitão não é uma má ideia. Só que, a depender do resultado das investigações sobre os ataques antidemocráticos de 8/1, tudo pode mudar.
Se Bolsonaro for preso, além de ganhar também o título de “presidiário”, tendo sua imagem arranhada, seus correligionários deverão ser afetados por sua ausência em palanques políticos. Fora isso, se o governo Lula recuperar a popularidade, não se pode descartar o risco de ocorrer uma ascensão esquerdista em certos redutos ocupados hoje pelo bolsonarismo.
O DF sempre oscilou entre a direita e a esquerda. Em 1990, optou pela continuidade de Joaquim Roriz à frente do Buriti. Quatro anos depois, resolveu mudar tudo elegendo Cristovam Buarque. Roriz retornou ao cargo em 1999 e passou a faixa para José Roberto Arruda em 2007. Com a eclosão do escândalo da Caixa de Pandora, a capital foi governada oito anos pela esquerda, com Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg.
A direita sai em vantagem porque nenhum governo de esquerda conseguiu se reeleger na capital, porém, mesmo com a insatisfação da população em 2014 com Agnelo, por exemplo, houve apenas a troca do mandatário, mantendo a ideologia.
Izalci reúne todas as credenciais para ser candidato ao GDF, mas isso pode pulverizar a direita na capital, favorecendo a esquerda, representada pelo PT e PSB, siglas do presidente e vice-presidente do Brasil. Se Bolsonaro estiver preso em 2026, o quadro tende a ser ainda pior, visto que estará com seus poderes de articulação limitados dentro da cadeia, sendo impedido de unir a direita nos estados.
Embora mantenha amizade pessoal com o casal Bolsonaro, a vice-governadora Celina Leão (PP) soube separar as coisas e agiu como uma estadista quando assumiu o governo interinamente após o 8/1, defendendo a democracia e colaborando com o interventor Ricardo Cappelli de forma exemplar.
Para o Planalto, com certeza é melhor ter uma adversária no Executivo local filiada ao PP, que mantém respeito institucional, que um governador antilulista do PL, que compõe um partido que promove oposição sistemática ao governo. Boa parte do Progressistas está na base governista do Congresso Nacional.
A união da direita em torno da pré-candidatura de Celina ao GDF é o passo inicial para que a cidade não corra o risco de cair novamente no colo da esquerda.
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