NAS ESTRELINHAS: Cada polícia no seu quadrado. Ou: O delegado que queria ser coronel
Por Fred Lima
De acordo com matéria publicada pelo Jornal de Brasília nesta quinta-feira (3), o delegado-chefe da 35ª DP da Polícia Civil do Distrito Federal, Laércio de Carvalho, vem sendo acusado pelo Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), de determinar ações que extrapolam as funções da PC e invadem atribuições da Polícia Militar.
A Ordem de Serviço nº 4, expedida pelo delegado, determina que uma viatura com três agentes realize patrulhas noturnas nos arredores da delegacia, abordando veículos suspeitos, pessoas em situação de rua e bocas de fumo. Afirma ainda que as patrulhas serão supervisionadas por delegados supervisores e pelo próprio delegado-chefe.
O policiamento preventivo e ostensivo é feito pela PM, como determina a Constituição Federal, enquanto a PC atua como polícia judiciária, responsável por investigar e desmantelar quadrilhas organizadas nos estados. “(…) conforme dita a Constituição Federal, compete às polícias militares o trabalho ostensivo e de preservação da ordem pública, bem como de prevenção de crimes e perturbação da ordem — reforçando que as polícias civis têm as funções de atuar como polícia judiciária e de apuração de infrações penais”, diz o ofício enviado pelo Sinpol à Direção Geral da Polícia Civil do DF.
Procurado pelo JBr, Laércio afirmou que a “ordem de serviço diz que a responsabilidade dos policiais é com as instalações orgânicas da delegacia e com o perímetro da delegacia. Afinal, a segurança deste perímetro reflete na segurança da própria repartição policial. Não há interferência nas ações da PM”.
A verdade é que a ordem do delegado da 35ª DP é sem pé e sem cabeça. Mesmo que o patrulhamento seja feito apenas ao redor da delegacia, não faz sentido colocar três agentes nas ruas e deixar somente um dentro da repartição policial. Como dito anteriormente, o trabalho da Polícia Civil é investigativo, não preventivo e ostensivo.
Outra coisa sem sentido é a afirmação de que a segurança do perímetro reflete na segurança da própria delegacia. Ora, os agentes então são pagos para proteger o local de trabalho no período noturno ou para efetuar prisões por meio de inquérito policial? Há alguma ameaça contra a 35ª DP? Neste caso, a PM que deveria ser acionada para abordar veículos suspeitos na região etc.
Laércio de Carvalho é policial, mas errou de profissão. Na verdade, o delegado deveria ser coronel.
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