DE “TRAIDOR” A “ALIADO”, DE “ALIADO” A “TRAIDOR”: Lêda brinca com o eleitor e agora trata Afrânio como aliado e Pábio como traidor
Por Fred Lima
Mudanças drásticas de posicionamento político em curto prazo geralmente só acontecem nos grotões do país. Lá, as cidades são administradas por coronéis, que elegem o prefeito e o vereador que querem, bem como destituem quando suas vontades são contrariadas.
Valparaíso de Goiás é a cidade do entorno mais próxima do DF. Muitos eleitores passam boa parte do tempo em Brasília e só retornam a seus lares para dormirem. Ou seja, o perfil do eleitorado valparaisense é bem diferente daquele de quem mora em cidades que têm pouco acesso à informação.
Na eleição de 2016, a deputada estadual Lêda Borges (PSDB-GO), que governou o município de 2009 a 2013, fez críticas contundentes e acusou o então vereador Afrânio Pimentel (PL) de tê-la traído ao sair candidato à Prefeitura de Valparaíso sem o seu aval. O motivo do rompimento de Afrânio com Lêda foi por conta de a ex-prefeita ter declarado o seu apoio ao também vereador Pábio Mossoró, seu então correligionário.
Existem vídeos e áudios que comprovam os duros ataques de Lêda à Afrânio. Na ocasião, o candidato do PR revidou alegando que o traído era ele, pois o combinado era de que o postulante do grupo seria o que estivesse melhor nas pesquisas. Pimentel afirmava que estava na dianteira.
Pábio venceu o pleito tendo Lêda como sua principal aliada. Durante o seu mandato, as interferências absurdas da deputada em sua administração acabou gerando um atrito inevitável. De visão coronelista, Lêda Borges sempre gostou de impor suas exigências. Não sendo atendida, a parlamentar rompeu com o prefeito, acusando-o – veja só! – de “traidor”.
Nos últimos dias, os bastidores da política valparaisense não tem falado outra coisa a não ser a provável união de Afrânio e Lêda, algo completamente questionável. Seria como Lula apoiar Fernando Henrique à presidência depois de ter chamado o tucano de traidor da pátria por 14 longos anos da era petista.
Sem o apoio da máquina do Estado, Lêda, desesperada, partiu para o tudo ou nada. Agora, pensa em apoiar o principal adversário de seu grupo político da eleição passada. Só falta combinar com o eleitor tamanha contradição.
Se Afrânio acatar o apoio, também terá de explicar as críticas que fez à deputada em 2016, inclusive os motivos que levaram sua campanha de ter atacado a família dela. Além disso, o ex-vereador espantará de seu palanque o governador Ronaldo Caiado (DEM-GO), arquinimigo político de Lêda Borges. Seria inimaginável um palanque com Caiado e Lêda juntos.
Valparaíso não é terra de coronel. Por ser informado, o povo sabe discernir projeto de poder de projeto de governo. O que Lêda quer é ser uma espécie de “prefeita” oculta, isto é, continuar como deputada, mas debaixo dos panos mandando no prefeito do município, que seria apenas um boneco de ventríloquo.
Pábio, que tem fama de ser paciente, não aguentou os desmandos da ex-prefeita, muito menos Afrânio vai aguentar, caso seja eleito.
Se o ex-vereador não vencer, restará então Lêda apoiar a candidatura de Lucimar Nascimento (PT) na eleição de 2024, para que o rol de maluquices seja completo.
Da Redação
- NA LUPA: Trinta anos depois de eleito, governo Cristovam não deixa saudades no DF - 19 de novembro de 2024
- NA LUPA: ‘Janjismo’ extrapola e se contrapõe ao lulismo. Ou: Que saudade de dona Marisa! - 18 de novembro de 2024
- Presidente do BRB destaca expansão nacional e avanços tecnológicos em fórum empresarial - 16 de novembro de 2024