STF: Marco Aurélio acredita que “a ficha do brasileiro demorou muito a cair” quanto aos efeitos pandêmicos
Por Gabriela Gallo
Em entrevista concedida ao Correio Braziliense, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, conta suas experiências na corte, especialmente durante a pandemia da Covid-19. Ele está marcado para se aposentar em julho deste ano. Defensor do isolamento social como forma de prevenção contra a dispersão do vírus, o magistrado acredita que o brasileiro demorou a perceber a gravidade da doença. Quanto ao trabalho do STF em uma tentativa de reduzir os impactos causados pela pandemia, o ministro afirmou que o Supremo apenas atua quando acionado, buscando conciliar agilidade com conteúdo.
Ao ser questionado sobre mudanças na jurisdição brasileira desde 1990 (ano que ingressou ao Supremo), o magistrado disse que houve um aprimoramento na justiça, porém o Brasil “conta com lei moderníssima sobre arbitragem, mas dificilmente se tem descompasso solucionado mediante a atuação de árbitros”. Com isso, “há a judicialização em massa, que acaba emperrando a máquina judiciária”.
Custamos, em termos de Administração Pública, principalmente de poder central, a perceber a seriedade da pandemia, os efeitos que poderia causar. Os governos deveriam ter sido mais céleres nas decisões. […] A ficha do brasileiro demorou muito a cair. Constatamos, nessa fase difícil, que às vezes é preciso haver, inclusive, a atuação da polícia repressiva — a militar — para terminar com aglomerações de toda ordem. Isso é preocupante.
Marco Aurélio Mello, ministro do STF
Da Redação