NA LUPA: Um olhar clínico sobre a disputa ao GDF, ao Senado e à Câmara
Por Fred Lima
Sinuca de bico
O senador José Antonio Reguffe (Podemos-DF) vive o maior dilema de sua carreira política. Nas eleições 2022, seu mandato de oito anos acaba. Se subir a escada da política, só resta agora se candidatar ao Palácio do Buriti. Porém, como a popularidade do governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) se mantém satisfatória, de acordo com a pesquisa do Instituto Exata Opinião Pública, divulgada em março, uma candidatura ao Executivo é considerada de alto risco, se porventura não ocorrer nenhum acidente de percurso até lá. Se for candidato à reeleição, a disputa seria inédita na carreira do parlamentar, visto que nunca quis renovar o mandato em outros cargos que ocupou.
Decisão dependente
A candidatura à reeleição ou ao Senado Federal da ministra-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda (PL-DF), passa pela decisão de Reguffe. Se o senador for candidato à reeleição, Flávia vai optar novamente pela Câmara. Se sair como candidato ao GDF, a ministra deve disputar o Senado. A ideia é não rivalizar com o senador. Já uma provável candidatura a vice de Ibaneis vem ficando cada vez mais remota depois do interesse do meio evangélico em indicar o número 2 da chapa.
Nada a perder?
Diferentemente de Reguffe e Flávia, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) terá mais quatro anos de mandato no Senado após 2022. Com isso, o tucano deve disputar o Buriti ano que vem. Caso não seja eleito, Izalci completará 70 anos nas eleições 2026, idade um pouco avançada para o Executivo. Se porventura optar por sair à reeleição daqui cinco anos, vale lembrar que o único senador reeleito da história do DF foi Cristovam Buarque. De qualquer forma, 2022 será um ano decisivo para o futuro político do parlamentar.
Saque com a mão esquerda
Opositora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a senadora Leila Barros (PSB-DF) sonha com o governo do DF, mas vê a capital se tornar cada vez mais bolsonarista. Seu partido tende a abraçar o projeto do PT no plano nacional, apoiando Lula à presidência. Neste caso, Leila teria uma candidatura simpática por parte do funcionalismo público, mas distante da classe média e de outras camadas importantes da população.
Roriz 2
O governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) sempre elogiou as grandes obras promovidas pelo ex-governador Joaquim Roriz. Recentemente, o chefe do Buriti inaugurou o conjunto de 23 viadutos e 4 pontes, denominado de Complexo Viário Governador Roriz, em homenagem ao político que faleceu em 2018. Pré-candidato a permanecer mais quatro anos à frente do DF, Ibaneis pode ser postulante ao Senado em 2026, se tudo der certo ano que vem. Prestes a completar 50 anos, o governador terá 55 daqui cinco anos. Em 2030, se estiver no Senado, poderá novamente ser candidato ao governo. O emedebista será um sexagenário, idade de Roriz ao completar sua segunda gestão (1990-1994).
Duelo de veteranos
Os ex-deputados federais Alberto Fraga, Augusto Carvalho, Geraldo Magela, Rogério Rosso, Ronaldo Fonseca e Tadeu Filippelli poderão se candidatar à Câmara dos Deputados no próximo pleito. Só o grupo já preenche 6 das 8 vagas. Também deve entrar no ringue, o vice-governador do DF, Paco Britto; o atual presidente da Câmara Legislativa, Rafael Prudente; o ex-presidente da CLDF, Joe Valle; e o deputado distrital Chico Vigilante. As deputadas Celina Leão e Erika Kokay estão inclinadas a buscar à reeleição, assim como Julio Cesar, Laerte Bessa e Professor Israel. Tudo indica que será a eleição mais acirrada do DF para a Casa.
Com a ajuda de São Pedro
Ex-deputado distrital e subsecretário de Políticas para a Pessoa Idosa do DF, Washington Mesquita não conseguiu ser eleito para a Câmara Legislativa em 2018. A população optou pela renovação. Tendo em vista a atuação morna de alguns novatos, a tendência agora é o retorno de nomes conhecidos pelo brasiliense. Washington afirma ter mais de 8.385 amigos no WhatsApp, número relevante para iniciar a campanha no próximo ano, com bate-papo, reuniões e visitas. Braço-direito do padre Moacir Anastácio, da Paróquia São Pedro, o ex-distrital foi durante 11 anos coordenador-geral da Semana de Pentecostes, que reunia mais de 3 milhões de pessoas antes da pandemia. Washington recorre a São Pedro para que derrame uma chuva de votos.
Redução histórica
Por falar em água, a Adasa, presidida pelo ex-deputado distrital Raimundo Ribeiro, fez estudos que contribuíram para a redução do valor cobrado na tarifa, apesar do quadro inflacionário. “Desde o início deste mês que o preço da água cobrado pela Caesb diminuiu. Foi uma redução pequena, mas histórica, que retrata a busca da Adasa por um valor justo”, afirmou Ribeiro. Sobre um possível retorno à CLDF, o diretor-presidente da agência foi taxativo: “Não serei candidato. Já exerci dois mandatos parlamentares, fui o primeiro secretário de Justiça da capital e creio que a minha contribuição nessa esfera já teve seu ciclo encerrado”, concluiu.
Da Redação
- NA LUPA: Trinta anos depois de eleito, governo Cristovam não deixa saudades no DF - 19 de novembro de 2024
- NA LUPA: ‘Janjismo’ extrapola e se contrapõe ao lulismo. Ou: Que saudade de dona Marisa! - 18 de novembro de 2024
- Presidente do BRB destaca expansão nacional e avanços tecnológicos em fórum empresarial - 16 de novembro de 2024
2 thoughts on “NA LUPA: Um olhar clínico sobre a disputa ao GDF, ao Senado e à Câmara”