Foto: Agência Senado

NA LUPA: Pré-candidatura ao GDF na hora errada pode afastar Reguffe da política

Por Fred Lima

A pré-candidatura do senador José Antonio Reguffe (União Brasil-DF) ao Governo do Distrito Federal pode até ser um ato de coragem, menos de inteligência política. O parlamentar entra na disputa quando o governador Ibaneis Rocha (MDB) está em seu melhor momento desde o início das pesquisas de opinião pública sobre a eleição 2022.

No ano passado, o cenário era diferente. Quando os primeiros levantamentos começaram a ser divulgados havia praticamente um empate técnico entre Ibaneis, Reguffe e a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF). Desde então, o chefe do Executivo local começou a despontar nas pesquisas e deixou os demais concorrentes para trás. Hoje, a diferença gira em torno de 20%, de acordo com o levantamento do Metrópoles/Ideia.

Com as inaugurações do túnel de Taguatinga e do viaduto do Recanto das Emas, a popularidade de Ibaneis só tende a crescer daqui até o pleito nos quatro colégios eleitorais (Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Recanto das Emas) que estão entre os maiores do DF, o que impacta na diminuição do índice de rejeição.

Não existe bola de cristal em se tratando de eleição. Até outubro, pode ocorrer tudo ou nada, mas contar com a sorte é um grave erro estratégico. Quem ousaria disputar contra o então governador Joaquim Roriz nos anos de 1994 e 2006, se porventura ele pudesse ser candidato? Da mesma forma, concorrer contra Ibaneis em 2022 não é uma boa ideia, visto tamanho favoritismo do governador.   

Existe uma diferença de anos-luz entre eleição para o Legislativo e o Executivo. Para a Câmara e o Senado, a disputa é mais vertical, sem a dimensão horizontal que exige um pleito para o governo. Distante das lideranças comunitárias, Reguffe terá bastante dificuldade de entrar nas camadas mais pobres da população, onde não é muito conhecido.

Se tiver humildade e juízo, o parlamentar abdicará de disputar o Buriti e concorrerá a uma vaga na Câmara dos Deputados, algo praticamente garantido. Retroceder a um cargo na carreira não é sinônimo de fracasso. Temos um presidente da República que saltou da Câmara para o Palácio do Planalto sem precisar de ser senador e governador. Fora isso, transmitiria o recado para a população de que não é carreirista na política, pois não subiria os degraus que os políticos tradicionais estão acostumados a pisar. Isso se chama desapego ao poder.

Reguffe é um homem muito honesto e bem-intencionado, porém ingênuo, a ponto de cair na armadilha de um grupo político que está interessado na fatia principal de seu suposto governo, o que o obrigaria a abandonar os princípios éticos e morais que o nortearam até aqui. Além disso, prefere dar ouvidos aos bajuladores de plantão, capazes de fazê-lo acreditar ser possível dar um passo maior que a perna.

A candidatura ao GDF deveria ter ocorrido em 2018. Todavia, para cumprir a promessa de campanha que fez em 2014 de não abandonar o mandato, acabou desistindo de se candidatar ao Executivo local e optou por permanecer no Senado. Agora, a conjuntura não está favorável. Daqui quatro anos talvez esteja.  

Com um pouco mais de maturidade e paciência, o jovem político do União Brasil um dia poderá subir a rampa do Buriti com pompa e circunstância sem correr o risco de cair no ostracismo, tendo em vista que, geralmente, político sem mandato não é lembrado.  

Da Redação

Fred Lima

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