NA LUPA: Estrategista, Tarcísio sabe que o bolsonarismo agoniza em praça pública e quer criar o tarcisismo
Por Fred Lima
Com a saída de Jair Bolsonaro da presidência, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), além de ter se portado como um estadista ao apoiar 95% da Reforma Tributária, acertou ao avaliar que a esquerda pode se apropriar da medida como um projeto de governo, não de estado, caso a oposição votasse contra o texto. Com isso, em 2026, Lula ou outro candidato deve inserir a reforma na propaganda partidária como um marco da gestão petista.
Se Bolsonaro tivesse a mesma inteligência de Tarcísio estaria hoje sentado na cadeira de presidente, mas seus estrilos no exercício do cargo minaram suas chances de reeleição. Inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente partiu para o tudo ou nada, adotando a tática do “quanto pior, melhor”.
O governador de São Paulo, ao contrário, queria ver as digitais da oposição na Reforma Tributária, mas foi calado pelos extremistas. O futuro mostrará que estava certo. Enquanto isso, o PL, partido de Bolsonaro, se envereda pela oposição radical, um prato cheio para o governo colar a pecha de que joga contra o Brasil.
Ao contrariar seu padrinho político, Tarcísio não deu o beijo de Judas Iscariotes em sua face, nem o negou três vezes como Pedro, mas começou a se afastar do Messias por entender que ele é um político em decadência após a sentença do TSE. Ao mesmo tempo, iniciou o processo de criação do tarcisismo, uma direita mais equilibrada, inteligente e sem ódio, o que pode atrair parte do eleitorado que votou em Lula.
No xadrez 3D da política, o governador mostra que o Rei é a peça mais importante, enquanto o ex-presidente insiste que é o Peão.
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